Muxarabi
Aparador Xadrez, Maria Cândida Machado para a Interni
Dica para refrescar o décor – e a cuca: mais do que as transparências, as superfícies vazadas são o máximo da leveza na decoração – desde as palhinhas dos anos dourados aos rabiscos do último grito do design. Por mais pesado que seja o material (ferro, aço, madeira ou coisa que o valha), esse efeito oxigena o look e ajuda a equilibrar as combinações.
Cena do quarto do refúgio ventiladíssimo projetado por Isay Weinfeld no litoral paulista
Falo por experiência própria: lá em casa, por exemplo, onde o aproveitamento de cada centímetro cúbico vale ouro (o apê é uma lata de atum, como vocês sabem), meu set de cadeiras Bertoia funciona como nenhum outro, fazendo o espaço, apertado, fluir melhor. Ali consigo até inserir elementos mais sólidos, de shape denso, como um banquinho brutalista de Hugo França, sem embates – só não dá para abusar muito para não comprometer a circulação.
Dois takes registram a versão do muxarabi contemporâneo de Weinfeld na casa de praia
Mas o mote inspirador do post veio da arquitetura: há dois anos, publicamos na Casa Vogue um refúgio de praia fabuloso, em Iporanga (Guarujá, litoral norte de Sampa), assinado pelo Isay Weinfeld (na minha modesta opinião, o melhor projeto residencial traçado por ele nos últimos anos). Observe como o Isay equilibra as linhas retas e puras do desenho com o sotaque étnico dos muxarabis (treliça característica da arquitetura moura, de grande identidade estética e uso estratégico: possibilita ver sem ser visto, como pede o estilo low profile das mulheres árabes).
Da esquerda para a direita: cadeira Pantosh, da Lattog; poltrona de Aristeu Pires; chaise Rodolfo Dordoni para a Atrium; poltrona Espaço Casa; banquetas Reinhad Dienes
Mais conceitual ainda (e exótica) é a casa japonesa dos arquitetos Masahiro & Mao Harada, batizada de “Sakura House” (ou “Casa Cereja”). Totalmente de vidro, a morada recebeu, para efeitos de proteção, uma segunda pele de aço inoxidável, composta por painéis furados sistematicamente com desenhos que simulam as folhas da cerejeira, símbolo nipônico de prosperidade. O visual modernex traz mais do que apelo vanguardista: a casa é absolutamente ventilada e iluminada, mesmo estrangulada pelo terreno minúsculo (uma realidade em Tóquio).
No alto, chaise Spine, de André Dubrevil; à esquerda, poltrna de Estevão Toledo e mesa de Ferrucio Laviani, Montenapoleone
Sean Godsell, um dos papas da arquitetura contemporânea, assina a Glenburn House, incrustada no alto de um morro no vale do rio Yarra, uma das mais belas regiões da Austrália, entre florestas de eucaliptos, vinhedos e fazendas. Toda ripadinha, a casa se estende pela paisagem quase como um código de barras. A construção é uma investigação profunda da ideia de varanda como espaço fluido, com jogos de filtros e sombras. Genial!
Day bed étnica Indoasia; estante Freecell; cadeira Bertoia e mesa de centro Linea
Na pegada “ventilada” dos muxarabis das mil e uma noites, dos furinhos orientais e das ripas australianas, armei (junto com a Paula Queiroz, jornalista e produtora cheia de gás – e talento) uma seleção de mobília vazadinha que funciona como coringão em qualquer canto – e combina com qualquer estilo de décor. Tem de tudo um pouco e um pouco de tudo: das Bertoias da minha sala de jantar (aqui também em versão Diamond) à cereja do bolo do design italiano – garimpado na Montenapoleone e na Atrium –, dos traços tétricos de Konstantin Grcic, via Micasa, às linhas bem esticadas dos nosso Aristeu Pires e Estevão Toledo. Tudo para a sua casa respirar melhor! Oxigênio já!
Aparador Claudio Bambrilla, Montenapoleone
Seleção pinçada na Artefacto: mesa lateral e chaise Karim Rashid; poltrona Pigalle, do filipino Kenneth Cobonpue
Casa projetada por Sean Godsell na Austrália
Cadeira de Jum Hashimoto; cadeira de Konstantin Grcic; poltrona Toque da Casa; cadeira de Patrick Jouin; Bertoia em versão Diamond
Cadeira de raquete de tênis by Punga & Smith; cadeira plahinha Velha Bahia; cadeira Clarissa, Toque da Casa; poltrona de tiras versao clara, Toque da Casa; poltrona Armando Cerello
Cadeira Artefacto Beach & Country; versão de cadeira Konstantin Grcic com pés de inox; banquetas ripadas Abitare; mesa de apoio Catallogo e gardean seat Artefacto Basic
Fachada da Sakura House, no Japão
Estofados B&B Italia, Atrium; cadeira Baber; sofá Shiro Kuramata
belíssima seleção
Renato Bokaro
julho 24, 2009 at 3:07 pm
ai que luxo esses furinhos! adoro!
Rutinha
julho 24, 2009 at 3:07 pm
o aparador da abertura é surreal de tão lindo
Leonardo C. Castro
julho 24, 2009 at 3:14 pm
MUXARABI: The Best of Allexincasa!!
Destaque para a Cadeira vermelha de Konstantin Grcic e aparadores Etel e Montenapoleone. Lindos!!
Bj
Paula Queiroz
julho 24, 2009 at 3:31 pm
moveis para pessoas diferentes ,com estilo e visuais arojados para poucos . bellismo?
EDSON
julho 26, 2009 at 11:45 am
Realmente uma bela coleção. Mas senti falta daquela reinterpretação dos Campana para os fios de nylon tipo espaguetti dos anos 70, que os Campana fizeram. De qualquer forma, parabéns pelo post.
Lucas
julho 26, 2009 at 7:33 pm
quero todas as furadinhas para mim. sera que cabe la em casa? hehehehe bjs
Elizete
julho 27, 2009 at 11:13 am
Dá-lhe Colonta, rei dos furos jornalisticos – e de furar a cerveja com os amigos. 😛
Thiago
julho 27, 2009 at 5:25 pm
Muito lindos embora distantes demais da realidade do brasileiro
Adriana
julho 30, 2009 at 8:14 pm
esta cadeira pantosh da latoog… gostaria de saber se encontro em brasila, se sim, onde? … preciso urgente.
graciele
março 8, 2010 at 5:52 pm